Blog do Cinema ParaIST
- Grupo de Cinema do Instituto Superior Técnico -
sábado, novembro 27, 2004
Escolha da semana!
A escolha desta senama não vem das salas de cinema mas da televisão.Amanhã, dia 28, pelas 23H 30M vai passar na 2: uma obra excepcional que todo o fã de (bom) cinema deve ver (se ainda não o fez!): MULHOLLAND DRIVE.
Estejam em casa ou ponham a gravar, mas não percam este filme!
Carlos Antunes @ Fila X : 14:03
quinta-feira, novembro 25, 2004
Eh!
Open Water é um filme que se vai prestar a muitas comparações, o que é, quase sempre mau para um filme.A mais evidente delas todas será com Jaws,mas outras virão muitas vezes à cabeça (aliás, no final vão se lembrar dessa nulidade que era Blair Witch Project).
Mas as comparações não destroem este filme, até porque a única verdadeira semelhança com Jaws está na presença de tubarões.
Resumo da história: um casal vai de férias e durante um passeio de mergulho perde-se em alto mar – literalmente.
O filme constitui-se, maioritariamente, de cenas com duas pessoas no meio do oceano, por vezes com companhia, mas quase sempre sozinhos. Minimalismo à Phone booth, pode pensar-se.
O filme desenvolve-se com menos “acção” do que se poderia esperar, valendo-se muito do duelo dentro de um casal que se vê em situação de aflição – a tensão entre ambos aumenta até a uma cena onde discutem e atiram culpas um ao outro.
Aliás, a úmica cena onde a acção dos tubarões seria visível passa-se de noite durante uma tempestade, pelo que só vemos os esgares das personagens quando um relâmpago surge, mantendo-se de resto o ecrã a negro – uma cena que causa impacto pela acção da luz (como Oliver Stone conseguia fazer em Natural Born Killers) mas que não assusta.
O realizador, que quanto a mim é absolutamente desconhecido, deixa-se por vezes embalar em planos que não servem o filme e que o tornam muito maçador, mas tem também momentos em que consegue usar o que a natureza dá em favor do filme. Algum talento, mas ainda longe daquilo a que ele deve aspirar.
Os dois actores - Blanchard Ryan e Daniel Travis – não compromentem, mas também não têm papeís que permitam uma interpretação memorável.
Resumindo, um filme maçudo, sem inovação, semcapacidade de apelar ao interesse do espectador e que não parece merecer o furor que houve à volta dele.
Se me é permitido dizer isto, esperem que saia para aluguer.
Carlos Antunes @ Fila X : 01:00
domingo, novembro 21, 2004
Beleza absoluta!
Foi na noite desta última sexta-feira que um amigo meu me trouxe cá a casa um álbum que ele gostava que eu ouvisse.O mais surpreendente nesse álbum, e o motivo por que esta situação merece figurar num blog sobre cinema, é o facto da sua autora ser Julie Delpy.
Delpy compõe e canta num disco repleto de canções simples mas brilhantes e muito belas.
Arriscando a comparação, diria que este é um disco que em muitos aspectos se assemelha ao de Carla Bruni - na qualidade, no formato do registo (embora para além da "chanson" se note em Julie Delpy uma influência de Jeff Bucley); e no merecimento de um assinalável sucesso comercial.
"Julie Delpy" de Julie Delpy é um disco hipnotizador e altamente recomendável (quer sejam fãs de "Before Sunrise" ou não).
Carlos Antunes @ Fila X : 20:09
quarta-feira, novembro 10, 2004
Comme Une Image
No futuro deverá haver uma notibilização dos argumentistas, culpa do surgimento de Charlie Kaufman no panorama de Hollywood.No entanto a notibilização dos argumentistas deveria ter começado - certamente para muita gente, bem como para mim, começou de facto - muito antes.
Este muito antes seria 1993 quando surgiu Smoking/No Smoking, dois filmes de Alain Resnais que ninguém consegue referir em separado - os filmes são mostrados em sequência; são representações das mesmas vidas e idênticos até um certo ponto, derivando depois de acordo com a decisão tomada por uma personagem.
Nessa altura os mais atentos notaram o nome de Agnès Jaoui (bem como do seu marido Jean-Pierre Bacri) que adaptou um conjunto de oito (reduzidas a três para cada filme) peças de Alan Ayckbourn num conjunto cheio de interesse, humor e emoção.
Depois surgiu, já em 1997, - embora dois outros filmes tenham sido escritos por Jaoui de permeio com estes - On connaît la chanson (também diriigido por Alain Resnais), filme absolutamente delicioso escrito para ser tanto uma homenagem à canção francesa como uma reinvenção do filme musical e que conseguia ser de uma absoluta distinção em termos de escrita.
Mas a notoriedade maior surgiu apenas quando em 2000 Jaoui se tornou a relizadora do seu próprio guião em Le gôut des autres.
Um filme mordaz e inteligente que foi muito bem recebido tanto pelo público como pela crítica.
Tudo isto para chegarmos ao novo filme de Jaoui, Comme Une Image, escrito por ela ( e pelo sempre presente Jean-Pierre Bacri) e, também, por ela realizado.
Em Comme Une Image mantém-se os diálogos corrosivos, o humor refinado e a capacidade de manter o espectador emocionalmente ligado às personagens sem que isso implique a transformação do guião num dramalhão de mau gosto ou num daqueles filmes que querem ser o mais ternurento possível.
Mantem-se também a capacidade de entrelaçar várias estórias sem tornar a percepção do conjunto demasiado complicada.
Mas o que sobretudo está realçado é a inteligência com que Jaoui reproduz o quotidiano e o torna interessante sem nunca deixar que se sinta que algo ali não é natural ou identificável.
Tudo como num bom romance em que o escritor insufla vida ao banal.
Não foi por acaso que recebeu o prémio de Melhor Argumento em Cannes.
Não se afastem já de Comme Une Image os mais cépticos, pois nem só do argumento vive este filme.
Jean-Pierre Bacri está brilhante como sempre e à sua volta todos destilam talento.
A realização, não sendo brilhante, está muito para lá do competente e em muitos momentos é já muito boa.
Falta resumir aquilo que se vê: o comportamento de várias personagens ao orbitarem em torno da fama.
Lolita Cassard é uma rapariga que procura encaixar num padrão físico social para conseguir aprovação e atenção do pai, escritor famoso, e que duvida das intenções de quem se aproxima dela.
Etienne Cassard é o pai que só tem atenção a si próprio.
Pierre Miller é o escritor pouco confiante que se reformula ao encontrar Etienne.
A mulher de Pierre é a professora de canto de Lolita e vai transformando-se ao saber de quem é filha a sua aluna e ao saber como é a vida daquela família.
Personagens que estão sempre desencontradas de si mesmas e que seriam esquecidas ou relegadas tanto noutros filmes como na vida real.
Um filme muito bom que é a óbvia escolha da semana!
Carlos Antunes @ Fila X : 22:28
segunda-feira, novembro 08, 2004
Hoje tirei o dia para dizer mal!
Há filmes maus no cinema todas as semanas mas os últimos tempos parecem ter sido piores que o normal.Comecemos pelo produto nacional.
Kiss Me é um péssimo filme.
A ideia de juntar um "elenco de luxo" num filme português é brilhante para se conseguir que o público vá ver o cinema português. O problema vem com o veículo em que se coloca esse elenco.
O filme não passa de uma história mal amanhada servindo um inventário de referências a um cinema do passado, que não parece a homenagem que deveria ser mas antes um aproveitamento de cenas para alguém que não sabia fazer melhor do que copiar.
Nem mesmo Nicolau Breyner consegue mostrar o seu enorme talento neste filme.
Uma tristeza absoluta que não serve o cinema português!
Vindo lá de fora....
Sempre fui fã (embora não fervoroso) da saga Alien e do filme Predator (o do John McTiernan, obviamente).
No entanto sempre fui um apreciador dos comics onde as duas espécies se enfrentavam (aconselho Deadliest of the Species escrito por Chris Claremont, Xenogenesis e War) e por saber que havia bom material pronto a ser adaptado esperei com alguma ansiedade este filme.
Mas houve momentos em que a pus em causa, como quando descobri o nome do realizador.
Chegado o filme encontro uma história que não o consegue ser e que torna tudo numa sequência de cenas de carnificina pouco inspiradas.
As personagens humanas, que poderiam servir muito o filme, não passam de bonecos de cartão.
Um nojo, portanto.
Seria o candidato óbvio a pior filme do ano não fosse a existência (que eu e muitos outros amaldiçoamos!) de Catwoman!
Carlos Antunes @ Fila X : 19:46